segunda-feira, 26 de março de 2012

ATIVIDADE: MEMORIAL DO LEITOR - 25/06/2011

Cursista: Deusvanir Roberto Damacena

    Sou filha de uma contadora de histórias. Minha mãe é semi-analfabeta, visto não ter concluído nem a primeira série primária, mal decifra as palavras e tem dificuldades de escrever o próprio nome, mas possui um gosto especial por causos. Ela sabe como ninguém transformar fatos de seu passado familiar em histórias. Sabe aquela frase "quem conta um conto aumenta um ponto"? Sempre amei as novas faces que ela dava às mesmas cenas já contadas. Pois é, cresci ouvindo muitas histórias e hoje percebo que minha paixão pela literatura veio dela, do colo de minha mãe.
    É necessário esclarecer, também, que sou uma das filhas mais novas, quase caçula da família. Por esse fato fui "aluna" nas brincadeiras de escola de minha irmã e meus irmãos mais velhos nas suas aulinhas de fantasia. Então, quando atingi a idade de me alfabetizar eu já sabia ler, escrever e gostar de histórias. Naquela época, 1972 se não me falha a memória, era novidade a questão da importância da coordenação motora fina, com suas intermináveis atividades de preencher linhas pontilhadas em forma de ondinhas, serras, éles, és, ésses e outras sem o menor significado para mim. Além do mais, era usual o invento de historinhas para ensinar as letras e números, elas não tinham nada a ver com as aventuras heróicas protagonizadas por minha mãe e seus familiares. Não. Elas eram mais ou menos assim: "Hoje nós vamos conhecer um amiguinho, o nome dele é A, o A tem um irmãozinho que se chama E" ... Desculpa, a intenção era boa, mas eu achava isso ridículo, ninguém que eu conhecia se chamava A nem tinha tantos irmãos como essa criatura.
    Minha frustação e apatia pela escola duraram até o ano em que eu tive o prazer de estudar com a Dª Neném (Não sei o nome dela). Eu estava repetente da terceira série e, da boca dela nunca ouvi as críticas que ouvira no ano anterior, ela me devolveu o fascínio por aprender. ELA CONTAVA HISTÓRIAS! A viagem de Pedro Alvares até o Brasil ficou incrível na fala dela e os textos de Ensino Religioso conseguiam nos fazer anjos. Ela ensinava com amor e o amor dela nos ajudava a crescer. Diariamente ela lia uma ou duas páginas de um livro. Eu aguardava ansiosa pelo  momento em que outro pedaço do conto pudesse fazer parte de mim. O primeiro livro que li foi neste mesmo ano: O Pequeno Lorde, lembro-me da história até hoje. Há uma lista enorme de livros que marcaram minhas memórias. Aguardei ansiosa o Pollyanna, O Morro dos Ventos Uivantes, descobri a vida real em Capitães da Areia, morri de medo em O Exorcista e, a cada novo título, um desejo novo. Leio todo dia, meu estilo favorito é o realismo fantástico que vai de fantasmas a extraterrestres e a Literatura inglesa, é a que me atrai principalmente pelas descrições apuradas. Não consigo discriminar nenhuma história. para mim infantil, juvenil, auto-ajuda, religioso, psicografado, etc... são apenas palavras, há boa leitura em todas as classificações de textos, é só procurar




Cursita: Maria Lucia de Sousa Costa


    As primeiras leituras se tornaram tão significativas que às vezes me deparo relembrando.
    Quando da minha infância em que naquelas manhãs frias meu pai ia levar minha irmã e eu para o Grupo Escolar Lauro Jacintho era grande a minha animação com os cadernos e a cartinha.
    Foi um tempo triste, pois havia a pouco perdido minha mãe. E o meu pai a todo custo procurava estar presente em nossas vidas.
    Quantas dificuldades para sobreviver, mas a escola veio no momento certo. O carinho da professora Maria José foi algo que jamais esquecerei. Recordo-me ainda hoje do seu modo ainda hoje do seu modo singelo, meigo e organizado com as lições. 
    No decorrer do ano tudo era novidade. A cartilha Sodré, as pequenas fábulas, os poucos livros antigos que ganhava dos primos mais velhos iam fortalecendo minhas aventuras no mundo das palavras.
    Recordo também da minha vizinha Divina que às vezes sofria com minha insistência com as leituras marcadas dia a dia pela professora e que queria a todo custo aprender e tinha enorme vontade de apreender todas aquelas informações.
    Na escola com toda aquela humildade consegui sobreviver e colocar um objetivo de vida: Gosto pelo estudo. 
   Que saudade da hora da Composição que era feita através da imagem de folhinhas Anuais, aproveitavamos para descrever paisagens, pessoas e sonhos. 
    Com toda aquela singeleza, falta de materiais escolares conseguimos decodificar bem todos os signos. A significação o enlevo das palavras foram fortalecidos através de grandes esforços de professores envolvidos e acredito também em minha persistência em aprender.
    Saudades são tantas mas valeu a pena as descobertas, as aventuras, tudo que passei procurando entender o mundo das letras e isso tenho tentando passar aos meus alunos o dever de estudar e o direito de ser cidadã.



Cursista: Onilda Aparecida Gondim


    Iniciei minha jornada acadêmica com sete anos de idade, quando da minha alfabetização. Antes disso, eu não tive nenhum contato com livros, nenhuma prática de leitura.
    Sou filha de pessoas com pouco estudo. Em casa não havia hábito de leitura. Não sei se por esse motivo ou outro qualquer, não tive incentivo à leitura antes de iniciar meus estudos. Meu contato com a leitura se dava pelas histórias que meu avô contava: de assombração, contos populares, folclóricos que ele dizia ter ouvido ou até mesmo vivenciado. Aqueles momentos eram mágicos e nunca esqueci. 
    Minha alfabetização ocorreu de modo conturbado, jamais esquecerei minha primeira professora. Infelizmente, não são boas recordações, mas porque ela não reconheceu minha diferença em sala. Isto é, por ser esquerda (destra), ela batia na minha mão e me obrigava a escrever com a mão direita. Tentativas em vão e sofrimento também. 
    Com isso tudo, o que consegui foi ter péssima coordenação motora, falta de habilidade para manusear régua, tesoura, faca, etc... Da minha alfabetização só me restam essas lembranças. Onde ficaram os incentivos à magia da leitura? Será que eles existiram de fato?
    Durante o primário de modo geral não tive muito incentivo à leitura. Lembro-me apenas de um concurso de redação quando estudava na 4ª série e fui premiada com um livro, acho que de contos. Lembro-me de lê-lo várias vezes. Acho que meus professores também não eram leitores. 
    No entanto, minha história com a leitura não foi de toda ruim. Na quinta série, tive uma professora muito especial, que amava a leitura e transmitia esse amor para seus alunos. Durante esse período, tive a oportunidade de ler muito e de me apaixonar pela leitura. Das várias leituras que fiz lembro-me do livro Robinson Cruzoé, obra que marcou meu amor pela leitura. uma aventura emocionante. Eu me sentia participante da história o tempo todo.
    Nos anos seguintes, esse amor pela leitura foi abalado, pois faltou incentivo dos professores. Houve professores que desempenharam papel oposto: isto é, imagino que por não serem adeptos à leitura, adotavam livros para cumprir agenda escolar e que na maioria das vezes, não haviam lido; livros que não se encaixavam na faixa etária e nível de conhecimento dos alunos. A meu ver, isso é grave e pode causar danos irreparáveis. O papel do professor enquanto leitor é primordial para motivar os alunos. 
    No meu caso, tive contato com a obra O Seminarista na 7ª série e aquela obra me chocou muito. eu não tinha capacidade para entender tudo aquilo, foi terrível.
    Ainda na segunda fase do ensino fundamental, tive a oportunidade de ler o Mistério do Botão Negro. Uma aventura muito legal. Os livros que gostei de realizar a leitura ainda os tenho, os demais me desfiz e tomei o cuidado de jamais passar para meus alunos. Exceto o do Seminarista, porque tive a oportunidade de lê-lo novamente no Ensino Médio com mais maturidade. E com certeza a leitura foi outra.
    A meu ver, ao adotar uma leitura, o professor precisa se atentar para a faixa etária dos alunos, capacidade de compreensão. por exemplo, no ensino fundamental é imprescindível que os adquiriam o hábito e gosto pela leitura. Portanto, obras de aventura, de mistérios, ou seja, obras que chamem a atenção são fundamentais. Obras mais pesadas ficariam para o Ensino Médio. 
    No Ensino Médio a leitura é mais pesada, trata-se de estudar os clássicos da literatura. Nesse período, o livro que mais me chamou a  atenção foi A Moreninha, inicio do romantismo. Inclusive utilizei-o em minha prática de sala de aula quando realizamos um sarau literário belíssimo, leitura que como eu, acredito jamais ser esquecida por meus alunos. 
    Na universidade, embora tenha cursado Letras, acredito qure minhas leituras foram insuficientes. Minha professora de Literatura gostava apenas de teatro. Houve momentos importantes.
    Hoje leio bastante, mas sinto que meu déficit como leitora me dificulta a compreensão de muita coisa. 
    Desse modo na condição de mãe e professora procuro demonstrar a paixão que sinto pela leitura no sentido de motivar seus filhos e alunos por meio de exemplos, mesmo não me constituindo totalmente nela.

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